terça-feira, 13 de julho de 2010

Regras do Jogo

Dei por mim a pensar no porquê de defendermos tão afincadamente as nossas selecções, equipas, Países, empresas, crenças… Facilmente fui convidado pela curiosidade a voar por fitas do passado, pairando sobre pequenos conflitos e como esses geraram grandes guerras, fiz voos picados nas razões e aterrei sem saber como, numa só voz.

Como tudo começou? Como nasceram as nações? Como nasceram os países? Porque há ainda hoje tantos conflitos? Porque choramos ao ver a nossa selecção perder?

A resposta está no sentimento de pertença.

Ultrapassando os tempos de australopitecos, do descobrimento do fogo, do esqueleto da Lucy e mergulhando nas primeiras civilizações, aproximadamente 5 mil anos antes da data conhecida pelo nascimento de Cristo, encontramos as primeiras formas de gestão da humanidade. As primeiras civilizações contemplavam-se perto de rios, nomeadamente no rio Amarelo na China, rio Indo na India, rio Nilo no Egipto, rio Tigre e Eufrates na Suméria ou Mesopotâmia.

Sendo que se provou que o aparecimento do Homem (como o conhecemos) foi em África, o que levou à separação dos povos logo no inicio? Ou será que aparecemos simultaneamente em várias regiões separadas do globo? Independentemente destas questões sabemos que o Homem sempre necessitou de trabalhar e estar em grupo para ser mais eficaz na caça, para ser mais seguro, para ter sucesso nas construções. O homem nasceu com uma necessidade enorme de se sentir parte de algo.

Nascemos também com uma inteligência incomparável. Essa inteligência criou hierarquias, gestão pura e dura, ordens claras para que a civilização crescesse e se tornasse mais eficaz. Contudo precisámos de manter “o povo” motivado para trabalhar em prol de um todo. Criámos o sentimento de que todos os homens pertencem à força de trabalho e que as mulheres ao desenvolvimento do útero das civilizações. Estes foram os primeiros conflitos… Comida, mulheres… Foi necessário criar algo que gerisse o povo de uma forma indirecta e que desse a entender que nada fora criado pelo topo da hierarquia. Foram então criadas regras impostas por algo superior, algo que impedisse de matar, de roubar, de ir ter com a mulher do vizinho, de ser preguiçoso…
Foi então criada a religião.

Um plano perfeito em primeiro plano! A inteligência de fazer o povo acreditar que trabalho e regras de boa conduta, dar-lhes-ia o descanso eterno que mereceríamos após a morte.

Porem outros povos (num mundo mais preenchido pelo homem) perceberam que realmente era essa era a melhor forma de gestão possível… Criaram então religiões e histórias paralelas para que os seus povos se sentissem únicos e abençoados.

Desde o inicio das civilizações o Sol foi idolatrado pelo aquecimento que proporcionava, pelas colheitas, a luz que afastava os predadores. Simultaneamente observaram que as estrelas em posições rítmicas com o sol criavam padrões de tempos em tempos… Posições que foram imaginadas como conhecemos em signos, e que através dos mesmo poderíamos antever as estações do ano e sermos mais eficazes nas produções.

O primeiro deus ajustado a um homem foi Hórus no antigo Egipto, representando o Sol. Era o deus da luz, do conhecimento. Por outro lado existia Set, personificação do deus representante a escuridão, as trevas, a morte ou a noite.

Segundo os egípcios, Hórus nasceu no dia 25 de Dezembro. Nasceu de uma virgem chamada Isis-mari. O seu nascimento foi seguido por uma estrela a este e a mesma por 3 reis que procuraram o salvador recém-nascido. Sempre foi uma criança prodígio e aos 30 anos foi baptizado como Anup, percorrendo viagens com 12 discípulos e efectuando milagres como andar pela água ou curar doentes. Após ter sido traído por foi traído por Tifão sendo crucificado mas ressuscitando 3 dias depois.

Curiosamente esta história repete-se em praticamente todas as religiões. Na Grécia antiga Attis em 1200 A.C., na antiga pérsia e na mesma época Mithra partilhava a mesma história, na India Krishna a 900 A.C. etc. etc. A História de Hórus foi partilhada pelo mundo fora em diferentes nomes mas com as mesmas ideologias.
Porque se repetem então as datas, o número de discípulos, os milagres, os 3 reis, a estrela a este, a traição a ressurreição…? E quais as inspirações da conhecida bíblia?

Bom, no dia 24 de Dezembro a estrela Sirius, conhecida por estrela de Este, alinha-se com as 3 estrelas de Orion, conhecidas como os 3 Reis. Este alinhamento (com a estrela de Sirius na frente) aponta para o nascer do Sol do dia 25 de Dezembro, sendo essa razão dos 3 Reis seguirem a estrela de Este quando o “sol” nasce.

Outro fenómeno engraçado que ocorre no dia 25 de Dezembro, ou solstício de Inverno, é o aumento da duração dos dias após 3 dias de estar no ponto mais baixo do Céu. Por este movimento se diz que o Sol ou “deus” morre na cruz, ressuscitando 3 dias mais tarde.

Quanto aos 12 Discípulos que acompanham Jesus por exemplo, são apenas personificações das 12 estações, que Jesus, sendo o sol, viaja com eles.
Poderia continuar-se a mostrar que a maior parte dos livros religiosos não são senão uma transcrição da relação entre Astrologia e Deuses personificados.

O importante perceber, é que o que começou por ser uma análise ás estações, transformou-se num conjunto de regras usada por quem sabe que nada disto é real. Os 10 mandamentos e as metáforas presentes em todas as religiões seriam algo tão bom para todos nós se realmente compreendêssemos que no fundo seguimo-nos todos pelas mesmas regras, mudando apenas quem as recita.

Qual a necessidade então de surgirem conflitos étnicos? Porque é que povos lutam para ser maiores, para ver a sua religião ter mais fiéis, extermínios de povos por serem Judeus, Muçulmanos, hutus ou tutsis?

São sentimentos de pertença levados ao extremo. São exemplos de como a liderança furtiva pode causar danos sérios.

E eis que acordo novamente no meu continente, no meu país, no meu clube, na minha turma, no meu grupo de amigos, e entendo que fazer com que as pessoas se sintam parte de algo foi sempre o segredo do sucesso de qualquer entidade, de qualquer pessoa.

Empresas, organizações que saibam como fazer as pessoas sentirem-se parte de algo, pais de família que percebam como fazer com que os filhos estejam próximos, políticos que englobem maiorias absolutas, vão sempre vingar através do instrumento mais potente que o homem tem. O controlo das nossas e das emoções de outros.

domingo, 13 de junho de 2010

Conhecimento VS Felicidade

“Vincent Willem van Gogh - Zundert, 30 de Março de 1853 — Auvers-sur-Oise, 29 de Julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista Holandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.

“A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, suicidando-se.”

George Eastman (Waterville, Nova Iorque, 12 de julho de 1854 — Rochester, Nova Iorque, 14 de março de 1932) foi um empreendedor, fundador da Kodak e o inventor do filme fotográfico, que permitiu a popularização da fotografia.
George Eastman cometeu suicídio com um tiro de arma de fogo no coração e deixou uma nota de suicídio, onde dizia somente: "Para os meus amigos. Meu trabalho está feito. Por que esperar?". Nunca se casou, e foi enterrado no jardim da empresa que fundou, a Kodak, em Rochester, estado de Nova Iorque.”

Poderia citar filósofos, escritores, músicos, políticos, pensadores em geral.

Ou dar exemplos tão perto de nós.

Somos ensinados a não pensar no sentido pelo qual existimos. Defendem-se teorias religiosas, luzes ao fundo do túnel, vida após a morte, que nos dão a esperança de continuar a fazer parte de um todo que luta por uma melhor vida. Para uma evolução que nos arrasta e nos faz crer que adaptação é palavra de ordem.

O objectivo de um governo, de uma população é a produtividade, combater o desemprego, fazer com que se a gestão dos recursos eleve a qualidade de vida dos cidadãos. Engraçado… Guiamo-nos por países como Suécia, Dinamarca, Estados Unidos, Luxemburgo, Belgica, Alemanha… Em média o horário de trabalho semanal de países evoluídos é de 50 horas semanais. Dessas 50 se pensarmos que se gasta uma hora a almoçar (em países com sorte!) são 5 horas por semana. Ao dormir 8 horas por dia são 40 horas que se somam. Podemos somar também uma média de uma hora por dia no transito o que soma mais 5 horas por semana (sendo muito positivo). Somámos 50+5+40+5=100 horas gastas por semana. 24x5 dias são 120 horas. Bom, também vamos à casa de banho em média 3 vezes por dia, vamos buscar os filhos à escola, descansamos ao chegar a casa, vemos o telejornal, lemos jornais financeiros e cor-de-rosa, as telenovelas, os Idolos, ouvimos música, fumamos…

É esse o nosso objectivo certo? Ser evoluídos…

Temos ambição de nos destruirmos, de querer ser mais destruindo quem nos rodeia, destruindo quem somos e onde estamos. E temos tanto prazer!

Este sintoma é partilhado por vírus.

São estes pensamentos que não se deve ter. São estes pensamentos que se traduzem em exaustão, de perceber que quanto mais sabemos menos deveríamos saber.

Sorri ao ver o Benfica campeão! Um daqueles prazeres sociais motivacionais que aleatoriamente sucedem. Nas bancadas das claques observam-se adeptos aos saltos, a chorarem, a gritarem, a festejarem. Nas tribunas observa-se fatos e gravatas (cachecóis do Benfica ao pescoço) e faces atónitas.

Em jantares luxuosos fala-se de empregadas, de restaurantes, de hotéis a que fui e da empresa que o meu filho tem. Falar de momentos em que a espontaneidade deu lugar a gargalhadas é tabu.

A evolução financeira pode resultar em perca da capacidade de sermos realmente felizes. Pela ambição que qualquer vírus possui…

Com isto chego à conclusão, de que o sentido de aprender, e perceber que simplesmente a razão de existir tem que ser renovada a cada segundo que passa, é algo que não pode ser cego aos nossos sonhos. De que o tempo é a mais-valia que a percepção da realidade e o conhecimento nos brinda, não o dinheiro, não os lucros, não o carro.

Mas não devemos ter tempo de pensar demasiado sob pena de não viver.

Evoluir é ter qualidade de vida, ter tempo, ter o suficiente, ter pessoas espontâneas à nossa volta, é ter cultura mas não demasiada, é conhecermo-nos e perceber o nosso próprio sentido.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Perspectiva de um estudante universitário

Já no inicio do século XIX, Thomas Malthus percebera que a população humana cresce a um ritmo de progressão geométrica, e que por essa razão, é necessário definir métodos de restrição ao seu crescimento.

Contudo observamos que a natalidade nos países mais desenvolvidos contrai-se. Que a procura constante por uma melhor posição dentro da nossa “empresa”, retira-nos tempo de sermos animais produtivos.

Durante o meu percurso pela Universidade tive a oportunidade de conhecer bastantes pessoas pelo país e pelo mundo. Ao receber alguém internacional a resposta para a questão “gostaste de Portugal?” sempre foi constante. “Portugal é um local onde adoraria viver, pelo tempo, pelas pessoas, pela gastronomia…”

Que sabor tão especial ouvir tais palavras. Que sabor tão amargo saber que as palavras não se reflectem em actos… Realmente poucos países existem em que o clima, a paz, a ausência de doenças tropicais, se juntam com o desenvolvimento criando uma harmonia tão própria.

A acabar a licenciatura muitas opções surgem, e qualquer escolha, poderá condicionar o futuro. Assim sendo, vou vendo casos dos melhores alunos do meu curso para perceber o que devo fazer (Dizer que está tudo muito difícil é tão enjoativo). E eis que surgem opções como fazer um estágio num banco ou estágios de “fotocópias” em empresas que apenas nos recebem por ligeira conveniência.

Existe também a possibilidade de continuar os estudos numa Universidade em Portugal ou em algum outro país. Talvez me pareça a opção mais acertada neste momento. Mas porquê faze-lo em Portugal quando posso ir para a Dinamarca, Finlândia ou Estados Unidos onde o ensino é mais conceituado e ainda por cima nos financiam?

Pois bem, os melhores assim o fazem. São indiciados pelo pessimismo nacional e influenciados por políticas de sucesso que nos retiram sistematicamente aqueles que mais precisamos. Note-se que retirar cérebros significa uma provável família que não cresce em Portugal.

Projecções demográficas realizadas pela Eurostat mostram-nos que em 2050 a população com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos será de 52% o que será insustentável de muitíssimos pontos de vista.

Numa altura em que o PEC aposta em contenção dos gastos públicos, tributações e aumento dos impostos penso ser uma falha não se referirem politicas demográficas. Provavelmente será no muito curto prazo a melhor forma de criar estabilidade e crescimento do país. políticas como o investimento público poderão ser ineficazes pela mobilidade de capitais para o estrangeiro que do mesmo resulta.

Dentro de 10 anos será demasiado tarde pensarmos em atrair jovens para o país. Mas vamos a tempo de criar algumas formas de o evitar! Bons exemplos seriam aproveitar a qualidade de vida que temos para atrairmos empresas Web entre outras, que possam exercer a sua actividade em qualquer ponto do mundo. Ceder terrenos e facilitar burocracias nas exportações para as mesmas assim como para outras que queiram aproveitar os nossos terrenos “abandonados” para utilizar Portugal como uma porta para África ou para o Continente Americano (existe uma tentativa mas ineficaz). Porque não retirar vantagem dos milhares de estudantes que adoram o nosso país para ERASMUS para lhes oferecermos a hipótese de continuarem os seus estudos ou até se fixarem cá profissionalmente? Muitas ideias poderão ser criadas e aplicadas.

O aumento do produto derivado do aumento da população trabalhadora poderá ser uma alternativa credível para o desenvolvimento nacional, provocando uma competitividade qualitativa dos nossos quadros. Para isso é fundamental percebermos isso agora, criando as condições para que tal aconteça, ao invés de sermos alvos das consequências da ausência de actos.